sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Mariana, a protestante


Estava eu estudando, minding my own business, quando veio Jujuba bacana lá da Martinica falar comigo no msn. Tomada pelo meu espírito de irmã mais velha, que tem como função social mais evidente chatear os mais novos com o fim de prepara-los para o mundo lá fora, que é pura chateação, retomei o meu constante discurso de lavagem cerebral de como é preciso estudar, que trabalho enobrece a alma e molda o caráter e coisa e tal, de que, afinal, ninguém é adivinho para saber sem estudar e por aí vai...lá pelas tantas, ela então me disse:
"Ai, Mariana, às vezes tu é tão calvinista!"
Realmente inusitado o comentário: calvinista. Eu nem sabia que ela sabia o que era calvinista. Achei tão estranho ela ter desenterrado essa, deve ser aquele tal de vestibular. Calvinista! A minha resposta não poderia ser outra:
"e tu é bem católica apostólica romana, se fazendo de coitadinha e esperando sempre um milagre acontecer do nada para iluminar o teu caminho!"
Ora pois, protestante calvinista. Apesar de surpreendida, acabei por chegar a conclusão de que ela tinha tocado bem no ponto.
Quando eu entrei na faculdade, na disciplina de introdução à filosofia, o livro indicado era o "Democracia na América" de Alexis de Tocqueville, filosofo liberal francês do século XVIII, maravilhado com o novíssimo Estados Unidos da América. Não vou entrar à fundo neste assunto tão moroso, mas, uma das conclusões a que se poderia chegar com base no livre, é de como a religião pode ter um fator determinante no perfil da sociedade. Os países de forte tradição católica europeus e, seguindo o barco literalmente, o Brasil tendem a ter um histórico de uma aristocracia safada baseada na vontade divina em que os lemas são: "eu não preciso trabalhar porque deus me acha muito bonitinho e me abençoou com a minha nobreza" e "nada tema porque deus ama os coitadinhos" e "deus odeia gente gananciosa que vive tentando subir na vida". Além disso, basta olhar para a própria estrutura hierárquica da Igreja (papa, cardeal, bispo, padre, padreco de Vacaria, meros mortais, etc...) para ver como ela acaba se refletindo na própria sociedade, por exemplo, assim como o padreco esta mais perto de deus do que eu , digamos, e, por isso, preciso me confessar para conseguir uma linha com o cara lá de cima, também existem pessoas melhores do que outras, de onde vem aquele velho e incansável "você sabe com quem está falando?". O resumo de tudo isso é, portanto: quem nasceu para ser vintem nunca chegará a ser tostão, então não me invente de ter ambições porque se, e apenase se, deus estiver afim, tudo vai dar certo e, então, não precisa se preocupar com mais nada. E lá se vai feliz o Jeca Tatu.
Agora, os protestantes, porém, seja quais forem, não tem mais essa idéia de igreja com hierarquia, respondendo a um grande chefão (o papa ou a máfia, não vou entrar em teorias de conspiração à The Godfather), cada um que se entenda diretamente com deus do modo que bem entender e, mais do que isso, deus é, por definição, um cara sacana, ele não está nem aí para você ou para mim ou para o fulano, estamos todos na mesma canoa furada e cada um que se vire como pode e trabalhe para crescer na vida porque "haha" se você está esperando que um raio divino desça dos céus e te acerte na testa, resolvendo todos os problemas de um dia para o outro, pode esperar sentado, it's not gonna happen! Para colocar tudo em uma frase: mexa este traseiro mole e vai tabalhar, vagabundo!
Para concluir meu ponto, agora basta ver quem é que domina o mundo e quem é que está eternamente esperando sentado o desenvolvimento chegar, deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo.

Então, vou mexer meu traseiro e voltar a estudar.

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