Quando eu falei para minha mãe que vinha para a Europa, assim, casualmente, como quem comenta a previsão do tempo, ela, como lhe é de hábito, porque até parece que não me conhece, não me levou a sério e, rindo-se, se limitou a dizer que eu ia era morrer de fome.
A verdade, contudo, é que a não há nada mais fácil do que engordar aqui no velho continente de delícias. Tá certo que na primeira semana as vacas foram mesmo magras pois eu passava todo meu dia para cima e para baixa atrás de um cafofinho para chamar de meu, tudo a pé, já que o metro me dá certa insegurança (a gente não vê para onde está indo, uma loucura) e eu não tinha o que comer, senão o café da manhã do hostel e um pacote de bolachas para durante o dia.
Depois de estabelecida, o regime vai se perdendo, o mais barato é sempre aquela bobagem que no Brasil é cara:milka por um euro, nutella por dois euros, queijos nem se fala e tudo isso regado de vinho do porto de cinco euros, ou ainda, se não for dia de esbanjar, vinho verde por setenta e cinco centimos. Logo vi que isso não ia prestar, imaginem se minha mãe generala-mor dos vigilantes do peso me visse assim, e tentei me conter, comprei um abacaxi made in Brazil para meu lanche (que resultou numa terrível dor de barriga). Não desisti, entretanto, da minha meta: agora porcarias apenas nos finais de semana e dias sacros-pagãos. Essa semana , por exemplo, comi muita cenoura com brocólis e meu potinho de nutella que só durava uma semana e olhe lá, já está com quase três semanas.
Mas também, caros leitores, não precisam se preocupar que são apenas medidas preventivas e que qualquer aumento de peso, se é que este houve, permanece imperceptível, senão aos olhos do primeiro-sargento dos vigilantes do peso, que me diz ao telefone que devo correr e comer só legumes, enquanto, no seu lado da linha, pinga sorvete no pijama, após se refestelar com bife à parmegiana.
Realmente, muito difícil controlar o peso em Portugal dos doces de ovos e dos presuntos ibéricos. Muito bom o post, parabéns.
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