segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Viajando com estilo


Na Europa, se viaja barato pela famigerada Ryanair, grande vendedora de assentos à preço de banana para os macaquitos brasileños. Por motivos de economia, seus sacos de vômitos foram retirados, afinal ninguém precisa disso mesmo e, em caso de necessidade, faça o favor de tentar não sujar o pobre infeliz ao seu lado. Ouvi dizer, aliás, que o próximo passo será a remoção dos banheiros e "senhores passageiros, há um pinico sob os seus bancos". Em resumo, a farofagem só não é mais generalizada porque ainda não se permitem o transporte de galinhas à bordo, nem de vendedores ambulantes de qualquer tipo, nem há indianos de turbante se equilibrando no lado de fora da aeronave.
Para usufruir de tão fabulosa companhia aerea, porém, é preciso, antes de tudo, certa perspicácia porque, apesar de dizer que a passagem está, digamos, cinco euros, no fim há todas aquelas pequenas taxas desinteressantes, das quais nunca ninguém se lembra, mas que leva o valor aos quarenta e poucos euros. Em segundo lugar, o passageiro ryanair é um indivíduo com grande capacidade de síntese, pois se você, seu almofadinha, quer levar todos os seus super fashion looks e despachar bagagem, vai ter que pagar mais caro. Ou seja, limite-se a uma bagagem de mão, único volume, nas estritas medidas de 50 X 30 X 20, ou algo assim ,tipo uma mochila ou malinha efetivamente pequena. Eles têm inclusive uma caixinha de molde, caso sua malinha invente de não caber, so sorry, vai ter que despachá-la. É bem verdade, contudo, que controlar o tamanho das bagagens de todos é muito contra produtivo (o que vai contra a filosofia da empresa, que só tem por orgulho sua produtividade, simbolizada nos vôos pontuais). Assim sendo, para manter todos andando na linha, o negócio é de vez em quando pegar um trouxa para fazer de exemplo.
Ontem, no aeroporto o escolhido foi o Leonardo, consumidor compulsivos de casacos zara, e sua gordinha mala. Estávamos lá, no fim da fila, quando foi avisado que teria que ir para frente testar sua bagagem. Eu fiquei ali na fila, guardando nosso lugarzinho cativo. De longe, entretanto, vi que, de fato, estavam sobrando gordurinhas naquela mala, a qual, consequentemente, não coube na caixa. Percebi que a coisa ia mal quando o vi balançando o braços enfativamente à funcionária da companhia, numa efusiva gesticulação. Mas como a nobre senhora estava irrdutível àquele excesso e o Leonardo estava irredutível à idéia de arcar com o mesmo, a solução foi abrir a mala e colocar um blusão e mais outro e a capa e o casaco, um por cima do outro, e completar guardando o saco com meias nos bolso, para finalmente conseguir fazer a mala servir nos estritos padrões de tamanho. da empresa Diante de tão fantástico êxito, uma salva de palmas retumbante no portão de embarque ao brasileiro que não desiste nunca.

P.S. Depois de retornar esbaforido para o nosso lugar da fila, todo corado, o Leonardo retirou as diversas camadas de roupa e recolocou-as dentro da mala, de onde nunca deviam ter saído.
P.P.S. É de ser feita referência também que a ryanair é famosa por ser a companhia com menor incidência de perda de bagagem na Europa. Ora, se niguém despacha mala mesmo, levando só uma bagagem de mão, realmente não existem malas a serem perdidas nos solitários porões do avião.

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