quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O lado B da História II


Aqui em Porto moro na rua Barão de Forrester, continuação da rua Cedofeita, perto do metro (metro mesmo, que aqui a sílaba tônica fica na letra E, que se pronuncia aberta, e não no O, como no Brasil) e da faculdade de direito, mas isso não é o que interessa.


Joseph Forrester era um escocês que ganhou renome e título de nobreza em Portugal graças a sua ativa atuação no Vale do Douro, trabalhando com vinhos do Porto, estudando as pragas que atacavam as plantações e desenhando o primeiro mapa do local. Na época, o rio Douro era muito perigoso, haja vista a força da correnteza e as margens rochosas, daí a importância do seu trabalho cartográfico, em que os pontos mais perigosos foram inclusive desenhados.


No ano de 1861, o Barão conheceu Dona Antônia Ferreira, conhecida por todos como Ferreirinha, figura importantíssima da região, empresária proprietária de diversas quintas no vale do Douro e, dizem, dona de estonteante beleza. Em uma tola tentativa de galanteio, o Barão ofereceu-se para levar Dona Ferreirinha de barco até Régua, vangloriando-se de seus amplos conhecimentos na geografia da região. Conta-se por aí que durante o percurso o barão ficou de tal forma hipnotizado pela formosura da Ferreirinha, que se distraiu da direção do barco, batendo nas pedras. Com o naufrágio, o barão veio, ironicamente, a falecer, enquanto Dona Ferreirinha se salvou, já que, reza a lenda, as amplas saias de seu vestido inflaram-se de ar, servindo-lhe de bóia até que fosse resgatada. Ferreirinha só foi morrer bem velhinha (ainda mais considerando a época) aos oitenta e cinco anos, depois de muito aprontar por aí, imortalizando a marca de vinhos do Porto "Ferreira".
Dona Ferreirinha, já com muitos carnavais, sem a sua antiga pujância.

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